Friday, August 18, 2006

No tempo em que os animais falavam...


Lembro-me de ouvir esta frase da boca do meu pai. E do meu avô.

Sempre que contavam uma piada sobre animais, lá estava ela "No tempo em que os animais falavam...".

E de seguida, sem perceber, ainda, toda ou qualquer figura de retórica,

era transportada para um tempo suspenso algures no...tempo.

"No tempo em que os animais falavam", era um passado tão passado, como todos os momentos em que não me encontrava nas fotografias dos meus pais quando novos. E chorava desalmadamente sempre que encontrava os meus primos mais velhos com eles.

E eu não...

E a esse tempo muito antigo, só chegava o meu pai. E o meu avô.

Só eles tinham lá entrado e ouvido todos esses animais.


Eu não.

Eu tinha aparecido depois, sempre depois.

Depois dos primos, do casamento, do pai natal ter batido à porta e eu - por segundos! - não o ter visto. E por isso, ter chorado até adormecer...

Eu apareci depois, no tempo em que os animais já eram mudos, ou melhor, no tempo em que guardavam para si os seus segredos.


E muitas vezes imaginava o que diziam, como viviam, se tinham uma toalha ao xadrez branca e vermelha e um cesto de piquenique!


Quando somos miúdos, acreditamos naquilo que os nossos olhos vêem.

Mas os nossos olhos são guiados pela nossa imaginação.

Eu imaginava, do alto do primeiro andar de minha casa, que a Estação de S.Bento era Paris.

E tudo era possível,

no tempo em que os animais falavam.

Mas depois emudeceram,

ou então fui eu que deixei de acreditar.

De vez em quando, assim, sem ninguém ver ou notar, ainda vejo o que quero, rendida ao que desejo ver.

Shiiiiiuuuuu...os animais ainda falam....*

[fotos: pedro, populo, ag'06]

Thursday, August 17, 2006



as fotografias que tirei com a cam do pedro foram apreendidas pelo sujeito do lado direito.

a última vez que foram vistas estavam a ser descarregadas para o portátil dele.

senhor do lado direito...devolva-me as minhas fotografias.... :P *